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quarta-feira, 9 de junho de 2010

País perde US$ 15 bi com má gestão de obras públicas, afirmam engenheiros e arquitetos


Profissionais encaminharão propostas de soluções
aos presidenciáveis, para compor planos de governo


"O Brasil deixa de crescer o equivalente a US$ 15 bilhões ao ano por conta da má gestão da infraestrutura de obras públicas. Isso significa 1% do PIB (Produto Interno Bruto) do país". As afirmações são de Jaime Sunye Neto, presidente do IEP (Instituto de Engenharia do Paraná), órgão que coordena o fórum Projeto País - Governança e Gestão - Desafios da Infraestrutura e Engenharia Brasileira, marcado para acontecer nos dias 17 e 18 de junho, em Curitiba. Com a participação do Instituto de Engenharia de São Paulo e do CREA - Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, o objetivo é convergir estratégias e entregá-las formalmente aos candidatos à Presidência da República, como proposta para desatravancar o crescimento do país.

Para o coordenador da CONEPE (Congregação Nacional das Entidades Pioneiras da Engenharia) e presidente do Instituto de Engenharia de São Paulo, Aloísio Barros Fagundes, um dos aspectos importantes a serem considerados é o de que o Brasil está emperrado pelos entraves constitucionais e muitas interferências dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário entre si. "Há promotores, por exemplo, que, em defesa do Executivo, abrem inquéritos civis que não dão em nada e acabam atrapalhando as suas próprias ações", declarou. "O tema deste seminário é tudo quanto se precisa discutir para que um dos três candidatos possa conduzir o país, pois a engenharia movimenta algo em torno de 25% da economia brasileira", emendou Fagundes. Segundo ele, cada cidadão brasileiro demanda investimentos anuais entre US$ 5 mil a US$ 8 mil em infraestrutura. "Estamos sempre na iminência de grandes apagões, então há que se investir maciçamente em obras", concluiu.

Ineficiência

"Seja por má gestão ou por falta de planejamento, em todos os cantos do Brasil já se percebeu que algo precisa ser feito e essa é uma contribuição da nossa classe de profissionais aos planos de governo dos candidatos", disse Sunye. "Há dois ou três anos tentamos discutir infraestrutura e gestão e vimos que, no Sul ou Sudeste, Norte ou Nordeste, os problemas são sempre os mesmos, embora não haja falta de capacitação técnica nem de recursos", observou o presidente do IEP, que cita vários exemplos de grandes obras que não alcançaram os seus objetivos plenamente. "Um dos mais recentes é a obra da usina hidrelétrica de Belomonte, no Pará, que ninguém sabe ao menos em que altura do Rio Xingu será erguida, mas já foi licitada e ainda há quem duvide da eficiência do empreendimento", afirmou. "Outro exemplo é aqui mesmo no Paraná, onde se construiu uma ferrovia para transportar 8 milhões de toneladas de carga por ano, mas que até hoje não passa de 300 mil e a sua ampliação não sai do papel", complementou o engenheiro.

O evento é nacional e direcionado a entidades de engenharia e arquitetura. Também participam do seminário o Clube de Engenharia de Pernambuco, Sociedade de Engenharia do Rio Grande do Sul, Federação Brasileira de Associações de Engenheiros, CREA-PR, Associação Nacional das Empresas de Obras Rodoviárias e a Academia Nacional de Engenharia. Este é o primeiro evento realizado sob a chancela do CONEPE, que tem sede em São Paulo. Ao final do seminário será redigido um documento que reunirá as estratégias propostas e que será apresentado aos presidenciáveis em Cuiabá (MT), em um congresso da categoria. A base das propostas tem seis fundamentos principais que levam em consideração as necessidades e expectativas dos cidadãos, acesso da população aos bens e serviços essenciais e a preservação dos ecossistemas. O controle social no planejamento, execução das obras e a integração internacional para o estabelecimento de padrões fundamentais também estão previstos na pauta de discussões.

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